Central de Atendimento: (16) 3629 1110

Central de Atendimento - (16) 3629 1110

Blog

Notícia - Desafios no manejo de formigas cortadeiras em plantios florestais

Desafios no manejo de formigas cortadeiras em plantios florestais

Desafios no manejo de formigas cortadeiras em plantios florestais

O surgimento das cortadeiras se deu entre 5 e 15 milhões de anos atrás (DELLA LUCIA & SOUZA, 2011) colocando-as como um dos únicos grupos de animais, além do homem, que desenvolveu uma agricultura complexa e organizada. As formigas da tribo Attini (saúvas e quenquéns) apresentam associação mutualística com seu fungo simbionte, do qual elas dependem para sua nutrição. Para suprir a necessidade do fungo as cortadeiras selecionam e cortam grandes quantidades de material vegetal. 

As formigas cortadeiras podem causar a desfolha total, tanto de mudas como de plantas adultas. No entanto, a idade das plantas pode influenciar na vulnerabilidade aos prejuízos causados por formigas (NICKELE, 2013). Os danos são maiores em plantas jovens, sendo que na fase inicial do plantio, as perdas causadas por esses insetos podem ser irreversíveis devido a fragilidade das mudas (DELLA LUCIA et al., 2011).

Para elucidar o prejuízo causado pelas cortadeiras, Mantragolo et al. (2010) simulou artificialmente a desfolha de eucalipto e verificou que a remoção total das folhas por uma vez na fase inicial de desenvolvimento resultou em perdas de 18,9% no crescimento em diâmetro e 12,0% na altura com perdas significativas em volume total de 37,9%. No tratamento com três desfolhas, a redução em volume total chegou a 79,7%.

As formigas cortadeiras por serem insetos eussociais (sociais verdadeiros) desenvolveram ao longo de milhares de anos, estratégias que dificultam seu controle  (OLIVEIRA et. al, 2011). Quando o assunto é o manejo de formigas cortadeiras deve-se levar em consideração que todas as etapas do manejo são importantes e se bem conduzidas trarão o sucesso no controle. A escolha de um formicida de qualidade, intervenção na época correta, equipe treinada para aplicação do produto, cuidados no armazenamento e manipulação do formicida, correto dimensionamento do ninho e consequentemente das doses de formicida são ações fundamentais para garantir um controle eficiente.

Dentre as principais dificuldades para obtenção de resultados satisfatórios no controle de formigas cortadeiras estão, o amuamento dos formigueiros, o momento ideal da intervenção e a falta de mão de obra especializada e qualificada para a atividade. Apesar de ser um método relativamente prático, a aplicação da isca formicida requer critério e conhecimento, principalmente referentes à biologia de formigas cortadeiras.

O amuamento de formigueiros é um tema frequente e causador de diversas dúvidas. Ele se caracteriza pela paralisação da atividade externa de forrageamento das formigas cortadeiras e intensa atividade de reorganização interna do ninho, passando a falsa impressão de mortalidade da colônia. As causas do amuamento são diversas e a sua ocorrência não é um bom sinal no campo, uma vez que retornando as atividades de forrageamento os danos causados à plantação são severos. 

As causas do amuamento podem ser por ação mecânica, subdosagem de isca ou forte precipitação. A primeira, leva à desestruturação do ninho e pode ser ocasionada por pisoteio de gado ou ação de máquinas pesadas na área. O dinamismo das operações silviculturais e a demanda de madeira de sítios específicos podem interferir negativamente na programação de controle de formigas na fase de pré corte, em detrimento da intervenção no tempo ideal. A movimentação de máquinas pesadas durante a colheita e arraste de madeira irão causar o amuamento temporário de formigueiros que voltarão às atividades de forrageamento em tempos diferentes, causando sérios danos às futuras brotações. Para formação de uma floresta com baixa infestação de formigueiros e baixos danos econômicos é recomendado que a aplicação de isca seja feita no período de 1 ano a 30 dias antes da operação de colheita. Caso não seja possível realizar o controle do pré-corte, será necessário aguardar o período de 40 a 50 dias pós baldeio de madeira e realizar o controle de formigas antes das atividades de plantio, com a possibilidade de fazer um repasse no dia do plantio e segundo repasse 120 dias depois. 

Em alguns momentos a roçada mecânica no pré-corte é favorável e necessária para diminuir o sub-bosque e facilitar a entrada dos colaboradores na área para realizar um controle de formigas mais assertivo. Neste outro caso, deve-se aguardar o período de 20 a 30 dias após a atividade da roçada antes da aplicação da isca formicida.

O amuamento por subdosagem ocorre quando o ninho recebe uma quantidade de isca formicida inferior a quantidade ideal para ser controlado ou quando chove nas primeiras 48 horas pós aplicação e o carregamento ainda não havia sido completo. É considerado que o tempo de carregamento das iscas formicidas para dentro do formigueiro ocorre entre 24 a 48 horas após a aplicação e caso chova durante esse período, a isca convencional se desestrutura e se torna inadequada para o transporte até o ninho. 

No caso de amuamento químico, ocorre uma forte redução na população do formigueiro e o ninho cessa suas atividades externas. Se a reaplicação da isca ocorrer após o intervalo recomendado (150 dias), as cortadeiras vão carregar a isca normalmente, porém, se a reaplicação for feita antes desse intervalo, o formigueiro estará amuado e, portanto, com operárias em número insuficiente para realizar o carregamento. Neste período de inatividade a rainha repõe a população de operárias que voltam ainda mais agressivas. Segundo Saverscheck et al., 2010, as operárias aprendem a rejeitar determinadas espécies de plantas, mas retornam a coletar o vegetal quando a população de operárias é renovada, o que pode levar 18 semanas. A mesma situação acontece com a isca formicida, ou seja, a reaplicação deve respeitar o período de renovação das operárias, que corresponde a, no mínimo, 150 dias.

O manejo de formigas cortadeiras é uma atividade complexa, pois os ninhos são sociedades extremamente evoluídas e organizadas, capazes de se recuperar e se adaptar a diversas situações. Por isso, além da programação das atividades, o treinamento e o engajamento das equipes envolvidas no manejo são essenciais para o sucesso da atividade.

A Dinagro acompanha de perto todas as tecnologias de aplicação que vem sendo testadas e está sempre por dentro das melhores soluções no controle de formigas cortadeiras. Além disso, proporciona consultoria técnica qualificada aos seus clientes nas mais diversas frentes de serviço para que tenham suporte no desenvolvimento de suas metodologias, na gestão dos dados coletados e na avaliação final de eficiência. Empresas de destaque no mercado e que apostam em bons profissionais têm reconhecido a importância da capacitação como meio eficiente de atender suas expectativas e de contribuir para a vida profissional e pessoal de seus colaboradores. Capacitar é tornar o profissional habilitado para executar sua função, é agregar conhecimento à prática e garantir a qualidade da operação. Um treinamento bem elaborado e conduzido de forma clara e objetiva assim como o acompanhamento futuro das equipes treinadas é essencial para o bom desempenho da equipe envolvida no manejo de formigas cortadeiras, podendo desta forma se alcançar metas propostas: alto rendimento operacional e eficiência no controle.

 

Referências

DELLA LUCIA, T. M. C. Formigas cortadeiras: da bioecologia ao manejo. Viçosa, MG: Ed da UFV, 2011. 419 p.

DELLA LUCIA, T. M. C. Taxonomia e filogenia das formigas cortadeiras. In: — (org.).Formigas cortadeiras: da bioecologia ao manejo. Viçosa, MG: Ed da UFV, 2011. p.13-26.

MATRANGOLO, C.A.R.; CASTRO; R.V.O.; DELLA LUCIA, T.MC.; DELLA LUCIA, R.M.; MENDES, A.F.M.; COSTA, J.M.F.N.; LEITE, H.G. Crescimento de eucalipto sob efeito de desfolhamento artificial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 45, n. 9, p. 952-957, 2010.

NICKELE, M.A.; PIE, M.R.; FILHO, W.R.; PENTEADO, S.R.C. Formigas cultivadoras de fungos: estado da arte e direcionamento para pesquisas futuras. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo-PR, v. 33, n. 73, p. 53-72, jan./mar. 2013.

OLIVEIRA, Marco Antonio et al. Manejo de formigas-cortadeiras. In: DELLA LUCIA, T.M.C. Formigas cortadeiras: da bioecologia ao manejo. Viçosa, MG: Ed da UFV, 2011.p 401-415.

SAVERSCHEK, N.; HERZ, H.; WAGNER, M.; ROCES, F. Avoiding plants unsuitable for the symbiotic fungus: learning and long-term memory in leaf-cutting ants. Animal Behaviour, London, v. 79, p. 689-698, 2010.

ACESSAR CONTA

CRIAR CONTA